sábado, 11 de outubro de 2008

Quanto Vale ou é por quilo? Desigualdade, direito e capitalismo na atualidade.


Biografia
Nome Completo: Sérgio Luís Bianchi
Natural de: Ponta Grossa, PR, Brasil
Nascimento: 1945

Neto de Luís Bianchi, filho de Rauly Bianchi e irmão de Raul Bianchi, todos, fotógrafos, cuja produção ao longo de um século foi responsável pela constituição de um dos mais importantes acervos fotográficos do Brasil, com cerca de 40 mil imagens em vidro. Sérgio estudou cinema em Curitiba e posteriormente em São Paulo, onde se formou na escola de comunicações e artes da USP, em 1972.
Filmografia:
· 2004 – Quanto Vale ou é por quilo?
· 1999 – Cronicamente Inviável
· 1994 – A Causa Secreta
· 1988 – Romance
· 1982 – Mato Eles?
· 1979 – Maldita Coincidência


Das várias histórias que aparecem no filme mostra como as coisas do tempo da escravidão não são tão diferentes das atuais, (capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra apenas pelo lucro, as ONGs exploram a miséria preenchendo a ausência do estado em atividades, que na verdade são fontes de muito lucro. Quanto Vale ou é por quilo? Mostra um quadro de duas épocas aparentemente diferentes, mas no fundo semelhantes na manutenção de uma cruel dinâmica socioeconômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas grandes diferenças sociais. Neste filme o discurso jornalístico se transforma praticamente em uma metalinguagem para mostrar a realidade da periferia e os conflitos sociais do país. O Filme começa com uma narrativa histórica em pleno Brasil colônia. O processo artístico de gênero institucional, histórico e reportagem publicitária ligado muitas vezes pela narrativa sempre na terceira pessoa no melhor estilo jornalístico.
Os personagens deste filme, “Quanto Vale ou é por quilo? São minuciosamente interpretados por atores profissionais, alguns deles de longa trajetória consolidada nos palcos nacionais como Cláudia Mello, Ariclê Peres, Hemerson Caprie e Mirian Pires. O Filme de Bianchi se vale do discurso jornalístico para apresentar seus personagens e criar uma bela história. Em termo de criar cenários realistas, Bianchi foge do modelo herdado pelo moderno realismo criando realidade real, dando prosseguimento a uma obra marcada pelo desconforto e desencanto com o país, Bianchi radicaliza a agressão proposta por sua abordagem audiovisual de algumas de nossas mazelas. Aqui uma visão nada positiva de muitas ONGs, cujo objetivo disfarçado de assistencialismo, é o assalto ao dinheiro público.
Quanto vale...? Chega ao fundo de um interminável poço, no qual a possibilidade de solidariedade já não existe mais. Construindo uma narrativa não linear que superpõe diferentes tempos e espaços, Bianchi tece um documentário real, que mistura o passado ao presente e que junta o Brasil do século XVIII aos dias atuais. O Filme também é inspirado na ficção de Machado de Assis (O conto pai contra mãe), e em diversos documentos encontrados no arquivo nacional. Uma vez mais a ficção se mistura com documentário.
A principio não gostei e não compreendi muito bem, pois não mim proporcionou nenhuma experiência fílmica. Mas ao assisti o filme pela segunda e terceira vez, pude notar várias questões, que o autor colocou e que se identificam muito bem com nosso país. E isso me tocou, pois ele não mostra apenas a falência das instituições no país atual, seu discurso analógico coloca o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria pelo marketing social, como imagens separadas que se articulam em uma montagem para dizer que o que vale é o lucro, não importando se este é obtido com a venda de um escravo ou através de projetos sociais com orçamentos superfaturados.
Algumas partes foram envolventes porem triste e muito dramática, quando Arminda que está empenhada com o projeto de informática na periferia descobrir que os computadores foram superfaturados, ela decidi denunciar a ONG e por esse motivo é eliminada por Candinho, um jovem que está desempregado, e para sobreviver, torna-se um matador de aluguel. E é contratado para matar Arminda. Outro momento que mim tocou foi quando Lázaro Ramos proferiu uma frase que dizia: “O que vale é ter liberdade para consumir, esta é a verdadeira funcionalidade da democracia...”
Não ache viável a possibilidade pedagógica de assistir este filme em minha sala, já que são crianças “muito pequenas do grupo seis”, pois o conteúdo do filme não iria envolvê-las, porque a escolha do filme deve participar da vivência do aluno. Mas para alunos do segundo ciclo poderíamos criar algumas possibilidades, como instigar e estimular o assunto do filme para os alunos, pois a partir daí eles iriam começar a vivenciar o assunto visto que sem vivência não há interpretação.
Outra possibilidade seria apresentar o autor do filme para os alunos através da sua biografia, história, linguagem e também a narrativa do filme e só assim eles poderiam compreender o enredo do filme, pois entender o filme e conhecer antes de tudo o autor instigar a cultura cinematográfica dos alunos promovendo à ampliação dos horizontes de mundo, levando-os a mudar o espaço e o tempo. Através da avaliação de sua existência o aluno vai compreender o outro e o mundo, ele vai se reformando como sujeito protagonista de sua própria história.


REFERÊNCIAS

Apostila: A EXPERIÊNCIA FÍLMICA E FORMAÇÃO ressignificando os referenciais teórico epistemológicos da práxis pedagógica, TOURINHO Maria Antonieta, VIEIRA Rosane, agosto 2008.
A Poética do cinema e a questão do método em analise fílmica, GOMES Wilson.
http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/personalidades/sergio-bianchi/sergio-bianchi.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Bianchi